quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"Contra-senso..."

bxp35776

10 comentários:

Arnaldo Romano disse...

O assunto é passional. Muito meu.
Que o viví por décadas.
E o sofrí
E sofro.
Mas enquanto o cidadão está pelas ruas,
ou sob as pontes,
nos becos, nas bocas-de-fumo, ou aglomerados,
enquanto sobrevive, não se sabe como;
Enquanto se arrasta e à suas doenças;
Enquanto nem das estatísticas faz parte;
Enquanto é apenas um farrapo
imundo e fedorento,
mais defunto que gente,
o Estado
não o
enxerga.
Mas,
bastou que praticasse um delito,
seja pela fome,
ou pela própria malandragem
e até por auto-afirmação,
seja crime "grande ou pequeno,"
já terá, no seu primeiro dia como condenado:
1) - Cama, cobertas e
local higienizado para dormir;
2) - Café da manhã completo;
3, 4 e 5) - Almoço, café da tarde e jantar, completos;
6) - Assistência odontomédicajurídica 24 hs. por dia,
todos os dias e com veículo(s) oficial(s) para
transporte a hospital;
7) - Psico-terapeutas à disposição;
8) - Roupas de uso pessoal, o quanto forem necessárias,
rigorosamente limpas e passadas;
9) Jogos (futebol, volei, basquete...)
10) Encontros religiosos;
11) - Biblioteca;
12) - Teatro;
13) - Televisão;
14) - Nutricionistas;
15) - Locais para encontros íntimos;
E ainda com alguns adendos:
-Algum dos leitores já viu bandido/preso
andando a pé ou de coletivo?
Não, não viu.
Preso não anda a pé.
Quem anda a pé é trabalhador,
é pai de família.
-Algum dos leitores terá notícia que algum
preso tenha falecido em bloco cirúrgico?
A não ser os que já entraram praticamente mortos, sim.
-Algum dos leitores terá visto, que seja uma única vez,
preso enfrentando quilométricas filas,
seja lá onde for, para marcar consulta?
Não! Preso não fica em fila.
Nem sofre com o humor dos atendentes.
Bom, reduzindo:
-Por que o Governo não deu 1/3 dessa mordomia,
em forma de escola profissionalizante, saúde, alimentação e afins
a esse mesmo bandido, quando ainda estava vagando pelas ruas,
como mendigo?!
De qualquer forma, seria uma fortuna para o Contribuinte.
Ainda assim, menor.
Na cadeia, o bandido é valorizado.
Quase tanto quanto o dólar.
Mas,
argumentem comigo e me
corrijam:
-Mesmo custando aos cofres públicos qualquer coisa perto de
R$5.000,00/mês,
o encarcerado não trabalha. Ou, se trabalha, é o mínimo. E esse
mínimo é inexpressivo em termos de retorno ao Estado que investe.
Por que o encarcerado não pode pagar ao Estado em forma de
serviços?
Vejam: Como Sup. Administrativo, tive, entre outras dezenas de
atribuições, a de ser responsável por um presídio com centenas de almas.
Imediatamente, organizamos equipe de pedreiros, pintores, bombeiros,
eletricistas, mecânicos, marceneiros, carpinteiros etc etc.
Daí, durante quatro anos, na área de Segurança, o Estado não gastou
com a recuperação de imóveis, viaturas, móveis.
Produzíamos brinquedos para crianças com necessidades especiais.
Produzíamos aparelhos ortopédicos e outros equipamentos sob
encomenda. Produzíamos leitos. Portas. Janelas. Produzíamos
blocos de cimento.
Mas, chegou ordem para que os encarcerados voltassem às
suas celas: Presos não podem trabalhar.
É o que entendi!

Arnaldo Romano.

Direito - Filosofia Pura.
Sócio/antropologia - Teologia.
Palestrante.
Pesquisador do Comportamento.
Administrador de Imóveis.
- Delegado de Polícia Civil -

Anônimo disse...

É um absurdo tudo isso, mas
infelizmente é Brasil, onde os
bandidos são tratados como
pessoas de bem, e "nós somos
apenas "restos", "sobras".
Tanto faz como tanto fez.
Só temos importância para "Eles"
em época de eleição, porque somos
"nós", os "restos", as "sobras",
que os colocamos no poder.
Enfim, "Eles" sabem que o povo
brasileiro não tem memória, como
sabem também, que fazem hoje, e amanhã já esquecemos e os elegemos novamente.
É, e sempre será assim!

L.M.

anderson eduardo disse...

NO Brasil só existe cadeia de verdade para pobre..... rico so passa, abração e tudo de bom

Vivian disse...

...Sandra minha linda, este assunto é delicado demais, e você acertou em cheio postá-lo aqui, colaborando para que o Arnaldo desse o banho que deu, e que não seria diferente...portanto, longe de mim discutir com o Poeta, embora minhas idéias batam de frente com as dele, deixo aqui minhas considerações e aplausos a quem, pela profissão que abraçou, tornou-se conhecedor dos porões do inferno, portanto dono da verdade aqui neste assunto em questão...é isso...bjus procê, linda!

Erase disse...

não é só no Brasil que a cadeia é só para pobres e os ricos não lhes acontece nada, em Portugal também é assim!
É triste mas é verdade...

Erase disse...

Obrigado pela visita e pelo comentário. AInda bem que gostou da música também só a descobri à pouco tempo num filme.
É sempre bem vinda no My Column

Anônimo disse...

Sandra,
Boa noite! Tô eu aqui....
A imagem é forte. Refletir. Refletir.
Fez-me pensar na prisão que somos obrigados a viver.
Há muito não sei o que é andar despreocupada pela rua. Sentar-me no banco da praça. O medo domina.
Não mais intimida, fechar os vidros dos carros. Agora fala-se em blindagem. GPS. Monitorar a cidade. Filhos. Gradear nossas casas.
Aonde vamos parar?
Não entendo de leis e/ou prisões, mas penso que a cadeia possa ser, como é dito na mídia, uma fábrica de bandidos.
Sabendo-se disso o que as autoridades têm feito pra melhorar esse quadro? Digo, medidas urgentes e concretas, não paliativas.
Fala-se muito da falência do sistema penitenciário. E pouco do sistema educacional. Da saúde. Da moradia. Do trabalho.
Se somos nós a pagar a conta, por que não utilizar melhor esses s recursos?
Cadê os nossos representantes? - Ah, deixa pra lá.
Bom, vou repetir a pergunta do Doutor Arnaldo:
“Por que o encarcerado não pode pagar ao Estado em forma de serviços?”.
Julgo ser um dever, por lesar a sociedade.
E assim, grata por esse espaço.
Um abraço.
Tania

Anônimo disse...

Oi Mara, parece mentira mas estou a quase uma hora tentando postar meu comentário. sem êxito. Sou muito persistente e vou conseguir,
kakakaka.......Veja bem:
Porque o Estado vai querer que o encarcerado trabalhe para ele, se tem nós que trabalhamos por eles, e ainda pagando-os através de nossas contribuições? Faz sentido isso?
Smack! Um bom dia pra ti, linda!!!!

Helena (luz do luar)

IZABEL disse...

AMADO ARNALDO!!

AMO LER VC,APRENDO MUITO.
AMO APRENDER PALAVRAS SÃS QUE SÃO REAIS E VC AS TEM,POR EXPERIÊNCIA E POR SABEDORIA.
QUE O MUNDO TENHA MAIS PESSOAS ASSIM.
FICO INDIGNADA COM ESSA SITUAÇÃO DOS COFRES PÚBLICOS, INVESTINDO DESSA FORMA EM NOME DO POVO,PARA O POVO,PELO POVO.
ATÉ QUANDO?
UMA POLÍTICA PÚBLICA QUE SEJA IDÔNEA EM COLOCAR ESSES BANDIDOS EM REGIME DE TRABALHO..QUE BENEFICIE A POPULAÇÃO,COMO VC CITOU QUE FOI FEITO.
POR QUÊ UM EXCELENTE CAMINHO FOI ADULTERADO?

Arnaldo Romano disse...

Izabel,

Obrigado por frequentar o Blog da Sandra Mara (a Sandrinha).
Obrigado pela elegância e generosidade dos comentários
a meu respeito. Obrigado pela pergunta.
Respondê-la com profundidade, exigiria o espaço que não temos.
Digo-lhe, de forma homeopática, que não há/havia leis que
permitissem esse critério de "laborterapia".
Além do mais, a penitenciária, ficava em outro município da
Grande BH, distante 35 km.
Um ônibus oficial fazia o percurso duas vezes, de manhã e à tarde.
Aqueles internos passavam por triagem completa.
Os "Mestres" repassavam seus conhecimentos, técnicas, etc, aos demais. E nossa mão-de-obra ficou elitizada.
Os serviços, gradual e rapidamente, adquiriam confiança irrestrita:
a) De uma só vez, um Órgão Público nos entregou quase 300 armários
para recuperação.
b) Em outra, mais de mil unidades de brinquedos pedagógicos.
c) Cadeiras de ferro com estofamento de boa qualidade, umas 20 mil.
d) Escrivaninhas, mesas, peças decorativas, biombos, camas (etc etc etc), não tenho condições de estimar.
Para vocêr ter uma idéia a que ponto eles chegaram, o grupo de pedreiros, auxiliares, etc, tendo à frente nossa equipe(concursada) de engenheiros, arquitetos, desenhistas... criou mecanismo que dificultava fugas dos presídios.
O bloco carcerário da Delegacia de Tóxicos, pasme-se, foi construído por orientação direta dos presos que trabalhavam conosco.
É como eles diziam: "-Nóis é qui intende de fuga."
Então, conseguimos, mesmo em nível mínimo, eliminar a ociosidade carcerária.
O número de fugas, zerou, a auto-estima ressurgiu, pela ótica da cidadania.
Todos se sentiam como reintegrandos sociais, etc etc etc.
Como não havia mecanismo legal que autorizasse aquele procedimento,
terminou-se com ele.
Aceite, por favor, meu agradecimento.
E lhe peço que nos envie sugestões para novos temas.
Energia!!!

Arnaldo Romano.

Direito - Filosofia Pura.
Sócio/antropologia - Teologia.
Palestrante.
Pesquisador do Comportamento.
Administrador de Imóveis.
- Delegado de Polícia Civil -